quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O DIREITO AO CAMINHO E O DIREITO AO DELÍRIO

O Eduardo Galeano é um dos poucos escritores que mantém a sensibilidade nos seus escritos, o que levou os idiotas de direita a lhe chamar de panfletário. Concordem ou não com sua abordagem histórica - ele tem uma obra monumental sobre a América Latina (confiram a triologia "Memórias do Fogo") - é impossível não perceber sua honestidade intelectual (basta verificar as fontes citadas) e, especialmente, o seu domínio com as palavras, privilégio de poucos em tempos de invasão do lixo virtual.

A fala que segue me fez lembrar da valorização do caminho na filosofia budista. Nela, o que importa são as ações corretas - não as crenças - e as ações corretas são descobertas nas trilhas percorridas. "Se vc encontrar o Buda, mate-o", dizia um mestre Zen do século IX, exatamente para pontuar que os seus ensinamentos não devem ser compreendidos como atos de autoridade, mas buscados, por cada um, contestando-os, inclusive, adaptando-os ao caminho em direção ao nirvana. Se nós ocidentais estamos distantes dos valores budistas, nossos sonhos de uma vida melhor passam, também, por um caminho, ainda que ele seja um delírio, como nos diz abaixo, com maestria, Galeano:


2 comentários:

AGRA disse...

Este é Mestre da Vida. Chegar ao nível de humanidade e sensatez como esse homem chegou, é previlégio de poucos.

marcondes ayres disse...

Sempre quis ser pragmatico ao extremo. Não queria ser capaz de fazer amizades instantaneas e temporárias, mas ser uma maquina de um homem só. Capaz de nao consultar ninguem, nao confiar em ninguem, nao pedir conselho a ninguem e, sempre que achar que vale a pena, ser capaz de concretizar quaisquer planos.
Eis aí um sonho... um delirio.