Relendo a History of Western Philosophy na tradução brasileira de Breno Silveira (História da Filosofia Ocidental. Brasília: UNB, 1982), de um dos mais importantes filósofos do nosso tempo, Bertrand Russell, voltei o interesse para a vida do próprio pensador e, em sua “Autobiografia” (publicada no Brasil pela Civilização Brasileira), descobri o escrito que segue e que, segundo penso, muito tem haver conosco.
“Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.
Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão – essa solidão terrível através da qual nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal – encontrei.
Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.
Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por avaliar o mal, mas não posso, e também sofro.
Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.”
Um comentário:
Prezado Alberto Jorge:
Fui seu aluno na época em que cursava Direito na Ufal.
Ainda naquela época, abracei Letras (licenciatura em Português e Inglês) e, por vocação e formação intelectual, Jornalismo.
Passei pela TV Pajuçara/portal Tudo na Hora e hoje estou no Cada Minuto, para onde levei, aliás, um amigo nosso: o querido Catão.
Eis o propósito desta mensagem: você pode conceder uma entrevista, por e-mail e na condição de jurista, para o meu blogue de Português e Sociopolítica?
Temática: questões jurídicas, especialmente no âmbito penal e constitucional, referentes ao escândalo de Arapiraca.
Peço não publicar este comentário. Uso o espaço do blogue porque não disponho de seu endereço eletrônico e não quis solicitar ao Catão, para não parecer que recorri a um facilitador do meu objetivo.
Meu contato: yurimbrandao@gmail.com (há um "m" entre os nomes "yuri" e "brandao").
Por ora é isso. Abraço do Yuri Brandão
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